A Casa Dobis, no município de Teixeira Soares, usa a cerca elétrica por conta da sua flexibilidade para alterar os piques de pasto da chácara.
A cerca elétrica proporciona algumas facilidades para quem deseja manejar piquetes, seja para atender galinhas, ovelhas, bovinos, suínos entre outros animais. Com a cerca elétrica móvel o produtor rural pode otimizar sua área, melhorar a alimentação e proporcionar o bem-estar.
É isso que vem acontecendo na Casa Dobis, uma chácara no município de Teixeira Soares e pertence ao chef de cozinha, Maurício Dobis. Ele tem um espaço dedicado à culinária, que valoriza a gastronomia rural e aproveita bem sua área utilizando a cerca elétrica para sua criação de galinhas, suínos e ovelhas. Dobis conheceu este sistema quando morou nos E.U.A, e segundo ele lá é muito comum gerenciar os piquetes utilizando este sistema.
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O chef destaca que o manejo com a cerca elétrica é extremamente fácil e leva pouco tempo para tirar e transportar para onde deseja. "É uma coisa que observava muito nos E.U.A, morei por lá 14 anos. Eu queria algo exatamente assim, simples de manusear para cuidar das minhas galinhas, ovelhas e porcos. Então conversei com o pessoal da ITC do Brasil e eles me apresentaram a cerca elétrica e galinet, isso facilitou meu manejo aqui na chácara. ", conta. Agora ele pode mudar o galinheiro e as galinhas para qualquer lugar e rotacionar sua horta e os animais. "Eu sabia que eu ia ter que mudar minhas galinhas para cima e para baixo e não tem nada mais prático que isso. Consigo movimentar as galinhas de um lado para outro, logo que terminam de comer o resto de uma horta, em poucos minutos. Além, de que a cerca elétrica evita ataques de raposa e outros animais silvestres, mesmo minhas cadelas, uma border collie e uma pastora alemã, que gostavam de aterrorizar as galinhas, agora elas respeitam a cerca depois que viram que ela funciona.", conta sorrindo.
A tela móvel Galinet é constituída por fios de nylon entremeados com fios de aço que possuem a capacidade de conduzir eletricidade se acoplada a um eletrificador. Além de seu custo-benefício, maior durabilidade devido a proteção contra raios UV, também facilita o manejo em piquetes rotacionados.
Considerando que está é uma cerca pronta, para rotacionar piquetes se torna muito mais rápido e prático quando comparada a uma cerca elétrica convencional.
O agrônomo e representante da ITC do Brasil, Patrick Nienhuys, explica que cerca elétrica é uma excelente ferramenta para manejar animais, , mas que precisa ser bem instalada, pois ela funciona como uma barreira psicológica e não uma barreira física. " Aqui no chef Dobis, instalamos um aparelho de 2,5 Joules, menor aparelho recomendado para contenção de caprinos e ovinos, já que são menos sensíveis ao choque em relação a suínos, por exemplo, ou seja, mesmo que seja área pequena e para ela não demandasse 2,5 Joules, o tipo de animal foi o determinante para a escolha do aparelho adequado. ", conta. Ele destaca ainda que o custo para subdividir as áreas com cercas convencionais muitas vezes é elevado. Assim sendo, a utilização da cerca elétrica rural se torna uma alternativa para ajudar o produtor rural.
Mas para que tudo funcione corretamente (veja aqui o vídeo) é necessário tomar alguns cuidados, entre eles comprar equipamento adequado para o tamanho da área e espécie animal a ser cercado, além de observar alguns detalhes. ". Jamais usar material de instalação elétrica convencional para as instalações da cerca elétrica, já que, além de os isolamentos dos fios de cobre não serem adequados para a energia corrente da cerca elétrica, quando feitas as conexões do cobre com os fios de arame, zincados, haverá reação química, oxidando essas conexões e cortando a passagem de corrente elétrica. Adquirir um eletrificador dimensionado para os animais a serem cercados e tamanho de área para manter a tensão correta, ter um medidor de tensão ou tensiômetro, para ver se no fim da cerca a tensão está no mínimo de 3.0 KV. Se não, a barreira psicológica não irá funcionar, a ideia deste tipo de cerca é dar uma “beliscada” no animal para que ele não ultrapasse o local determinado.", explica o agrônomo. Outra dica é instalar um pára-raio e evitar perder o aparelho com raios. "O produtor tem instalar de maneira correta o para-raios. Isso é importante, porque um derivador é bem mais barato que um eletrificador, por exemplo.", relata Patrick.
O uso correto da cerca elétrica oferece muitos benefícios, entre eles, o aumento da produtividade dos animais, pois a rotação do pasto dá tempo suficiente para que a planta se restabeleça e possa expressar sua excelência nutritiva. Além disso, torna a pecuária mais sustentável, pois utiliza menos madeira e otimiza a área de pasto.
Dicas importantes sobre a cerca elétrica
Consideramos 04 pontos fundamentais, dentre outros, para obter êxito na construção de cercas elétricas para o controle de ovinos e caprinos, bovinos e outros animais.
1) Eletrificador
O mercado oferece hoje uma gama muito grande de eletrificadores. O produtor deve investir em eletrificadores de “Alta potência” pois são eletrificadores que descarregam no arame uma quantidade muito maior de energia (ou choque) que os eletrificadores tradicionais.
Possuem mais energia, por isso são mais eficientes no controle animal. O termo energia é importante para determinar a potência do eletrificador. Em países onde a tecnologia é amplamente difundida se utiliza a energia do eletrificador para determinar sua capacidade. A energia está para o eletrificador como os Hps estão para os tratores e automóveis ou KVAs para as bombas de irrigação. O “motor” dos eletrificadores se mede em Joules, que é uma medida de energia.
Assim como nos tratores se recomenda uma determinada área operativa em função da potência do trator, o mesmo acontece para os eletrificadores em relação à área e a distância a cercar.
Só através da informação da energia (Joules) é possível saber qual a potência de um eletrificador e para que aplicação devemos utilizá-lo.
Para Ovinos e Caprinos, por serem animais menos sensíveis que o gado, recomenda-se a utilização de eletrificadores com mais de 2,5 Joules, mesmo se a instalação for pequena, pois é necessária uma quantidade de energia maior para o controle destes animais.
Quanto mais energia tiver o eletrificador, mais eficiente no controle animal ele será.
Importante ressaltar também a importância de adquirir equipamentos fabricados dentro das normas técnicas internacionais, pois além de apresentarem qualidade bem superior, não apresentam riscos à saúde de pessoas e animais. Há no mercado eletrificadores normatizados de diversas potências (0,1 a 36 Joules). Há um fator que correlaciona energia em Joules e distância máxima para o controle animal: cada Joule de energia disponível no eletrificador pode eletrificar até 10 Km de cercas com até três fios “vivos”.
Se houver no sistema perdas significativas com vegetação, o ideal é diminuir a distância do sistema para manter um “choque” eficiente neste sistema, ou utilizar um eletrificador mais potente.
2) Aterramento
Depois de escolhido o eletrificador é importante confeccionar um bom aterramento. O aterramento no sistema de cercas elétricas é como uma antena receptora. É preciso construí-lo da forma correta para que a energia que passa através do corpo do animal, quando este toca o arame da cerca, chegue em boa intensidade até o aterramento do sistema, que como uma “antena receptora” cumpre o papel de receptor da energia para o fechamento do circuito.
É através deste circuito – eletrificador, arame, animal, solo e aterramento – que se dá a “patada” ou “choque” no animal. Se o aterramento é insuficiente, o circuito não se fecha ou se faz muito debilmente e a “patada” fica insuficiente para o controle animal.
Dependendo da instalação, um a três canos galvanizados de 01 polegada e 2 metros de comprimento, atados entre si com abraçadeiras são suficientes para uma boa instalação. Não utilize materiais como ferros de construção, arames, radiadores dentre outros, pois não são eficientes para confeccionar o aterramento.
3) Arames
Outro ponto fundamental da instalação são o tipo e quantidade de arames na instalação.
Fazendo novamente uma analogia, os arames são como a tubulação em uma instalação hidráulica. Digamos que o eletrificador fosse uma bomba para irrigação. Se neste sistema utilizássemos uma tubulação muito fina, a água não seria suficiente para conseguir irrigar a lavoura.
De outra maneira, se dimensionamos uma tubulação com o diâmetro adequado, a água chegaria em volume suficiente para fazer corretamente a irrigação da área. Da mesma maneira se comporta o eletrificador (bomba) em relação ao arame (tubulação).
Para as cercas elétricas o arame ideal é o arame 1,83 ou 2,1 mm. Há no mercado várias marcas especiais para utilização com cercas elétricas.
CERCAS ELÉTRICAS PERMANENTES
Para Ovinos recomenda-se a utilização de pelo menos três fios: com 25cm, 50cm e 80cm de altura . Em regiões sujeitas a secas prolongadas recomenda-se a colocação de fios “terra”, intercalados com os fios “vivo”, pois aumentam muito a eficiência da cerca nestas condições
Para caprinos são necessários pelo menos três fios eletrificados com 20 cm , 45 cm e90 cm , que também devem ser intercalados com fios “terra", com altura de 70cm e 120cm, em regiões secas.
CERCAS ELÉTRICAS MÓVEIS
Para estes animais utiliza-se os fio eletroplásticos e varilhas ou as redes eletroplásticas especialmente desenvolvidas para Ovinos e Caprinos. Estes materiais são leves e de fácil transporte e montagem, tornando a tarefa de fazer piquetes temporários muito fácil.
Em função do crescimento da utilização das cercas, estes materiais encontram-se no mercado brasileiro com boa variabilidade.
4) Isolamento
Isoladores de baixa qualidade proporcionam perdas de energia no sistema, diminuindo sua eficiência no controle animal. Além disso, aumentam o custo de manutenção de cerca, pois precisam ser trocados periodicamente. Por isso, utilize isoladores da melhor qualidade, pois eles aumentam o respeito dos animais à cerca, além de diminuir sensivelmente seu custo de manutenção. Não utilize mangueiras, garrafas plásticas comuns, ossos, madeiras etc.
A cerca elétrica não tem sido mais difundida no Brasil, em função da baixa qualidade dos equipamentos utilizados nas instalações e no baixo conhecimento dos princípios acima descritos. Tudo isto contribui para que o produtor não utilize todo o potencial e benefícios que esta tecnologia vem trazendo em outros países e que, com certeza, poderão beneficiar o produtor brasileiro.
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